Comunicação e desenvolvimento : entre as dimensões teórica e prática do conhecimento
PT
O desenvolvimento dos procedimentos cognitivo-comunicacionais deixa-se apreender no movimento de uma progressiva influência conceptual e metodológica de instrução lógico-formal. A consequência, cada vez mais explícita no nosso quotidiano, surge sob a égide de um distanciamento conceptual entre as parametrizações qualitativas do conhecimento, adquirido no perfil do saber enquanto exemplo, memória ou valor, e as suas parametrizações quantitativas, que o configuram, no perfil da informação, como esquema, registo ou cálculo. Dos juízos de valor para os juízos de facto progredimos no sentido de uma desontologização moral dos fenómenos sociais e humanos, visível na discrepância actual entre as reivindicações normativas das sociedades afirmadas como democráticas e as reivindicações empíricas nelas geradas pelas economias de mercado. Na salvaguarda do imprescindível equilíbrio ética-ciência, não podemos simplesmente preterir a pretensão de validade das perspectivas sócio- -epistemológicas baseadas na concepção intersubjectiva dos valores normativos, em favor da pretensão de veracidade das perspectivas sócio-epistemológicas fundadas na correcção sistémica das relações auto-organizacionais, sem aceitar correr o risco de uma inteira descaracterização do ‘humano’, compreendido, não como inevitabilidade essencial do ser mas, sim, como a realização da mais consensual e participada interacção entre indivíduos livres, atentos e compassivos.
EN
The development of cognitive-communicative procedures allows itself to be perceived in the movement of a progressive conceptual and methodological influence of logical-formal instruction. The result, increasingly explicit in our daily life, comes under the aegis of a conceptual distance between qualitative and quantitative parameters of knowledge, the first of which acquired as example, memory or value and the second, configured according to the profile of information, as schema, registration or calculus. From value judgments to judgments of facts, we tend to proceed towards the elimination of the ontological moral aspect of social and human phenomena, visible in the current discrepancy between the normative claims of democratic societies and the empirical claims arising from their market economies. In the attempt to safeguard the essential balance between ethics and science, we cannot overlook validity claims, based on intersubjective conceptions of normative values, in favour of truth claims, based on systemic correction of autopoietic relations, within our socio-epistemological points of view. Should we do so, we would run the risk of depriving the ‘human’ of its specificity, comprehended not as an essential inevitability of being, but as the concretisation of the most consensual and engaged participatory interaction possible among free, aware and compassionate individuals.