XI Ciclo CICANT/Museu Berardo: “Tupi or not tupi - Tradução Antropofágica” Maria Cristina Franco Ferraz
XI Ciclo CICANT/Museu Berardo
Tupi or not tupi - Tradução antropofágica
22 de Junho — Auditório Museu Coleção Berardo — 17h
Tupi or not tupi - Tradução antropofágica
Resumo:
Tupy or not tupy: that is the question. O famoso achado do poeta modernista brasileiro Oswald de Andrade pauta o Manifesto Antropófago de 1928. Tradução do tupi para o inglês? Tradução para o inglês do português deglutidor da língua geral tupi? Tradução traidora do inglês, desfazendo o velho dilema moral-metafísico do Hamlet shakespeariano? Sem dúvida tudo isso a um só tempo. De modo performativo, nessa retomada paródica do drama hamletiano Oswald de Andrade problematiza e retrabalha antropofagicamente o sentido ingênuo e unívoco de tradução, tomando ao pé da letra o conhecido adágio italiano. Nesse caso, a tradução não trai em um sentido deficitário, por insuficiência ou inadequação. Não lamenta não ser idêntica ao original. Ao contrário, aproveita alegremente o vácuo do próprio para afirmar as misturas e celebrar o banquete. Trair, antropofagicamente, é necessário. No caso do tupi or not tupi, explorada e intensificada, a tradução traidora funciona como uma aposta na impureza e na corrosão interna das lógicas identitárias e das orientações filosóficas trazidas nas caravelas invasoras. A partir dessa perspectiva, serão exploradas diversas implicações do gesto antropofágico, articulando-o igualmente a reflexões acerca da tradução elaboradas por pensadores como Eduardo Viveiros de Castro e François Jullien.
Biografia:
MARIA CRISTINA FRANCO FERRAZ, mestre em Letras (PUC-RJ), doutora em Filosofia pela Universidade de Paris I-Sorbonne, com três estágios pós-doutorais em Berlim, é Professora Titular de Teoria da Comunicação da UFRJ. Pesquisadora do CNPq, foi professora visitante nas universidades de Paris 8 e Perpignan (França), Richmond (EUA), Nova de Lisboa (Portugal) e Saint Andrews (Escócia). É autora dos livros: Nietzsche, o bufão dos deuses (Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994/São Paulo: n-1, 2017 e Paris: Harmattan, 1998), Platão: as artimanhas do fingimento (Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999 e Lisboa: Nova Vega, 2010), Nove variações sobre temas nietzschianos (Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002), Homo deletabilis - corpo, percepção, esquecimento: do século XIX ao XXI (Rio de Janeiro: Garamond, 2010 e Paris: Hermann, 2015), Ruminações: cultura letrada e dispersão hiperconectada (Rio de Janeiro: Garamond, 2015) e, em colaboração com Ericson Saint Clair, Para além de Black Mirror: estilhaços distópicos do presente (São Paulo: n-1, 2020). Traduziu, com Arthur Seidel, e prefaciou a edição bilíngue do ensaio de Kleist “Sobre a fabricação gradativa de pensamentos durante a fala” (São Paulo: Herda/n-1, 2021).
- published 25 May 2022
- modified 20 September 2022